sábado, 30 de abril de 2011

BUDISMO DE NITIREN DAISHONIN

Tsunessaburo Makiguti Fundador e 1º presidente da Soka Gakkai
(cronobiografia)

"O estudo não é considerado uma preparação para
a vida; ele acontece enquanto se vive, e a vida acontece em meio ao estudo. Estudo e vida real
são vistos não apenas como paralelos;
eles trocam informações intercontextualmente,
o estudo dentro da vida e vice-versa,
por toda a existência do indivíduo."

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ANIVERSÁRIO

Meu aniversário, momentos plenos de um somatório de instantes vividos nesta caminhada ao lado de meus filhos, genros, noras,netos e amigos. Obrigada a todos vocês, presentes e ausentes, que tornaram o dia de ontem mais prazeroso e cheio de luz.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Carlos Drummond de Andrade

As palavras de Carlos Drummond de Andrade não são estas, mas o pensamento sim: “Não me considero um escritor. Sou apenas uma pessoa que escreve. Que começou a fazê-lo para cuidar das necessidades da alma. Como uma psicoterapia sem divã. Mesmo porque nesse tempo não havia psicanalista em Minas”.
" Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso. " 


Antoine de Saint-Exupéry

A PALAVRA MÁGICA

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra

Carlos Drummond de Andrade

A ARTE DE SER AVÓ

Sempre que leio este texto me emociono até as lágrimas. Parece que Raquel escreveu lendo minha alma e dizendo tudo que sinto a respeito dos meus netos. Hoje, já adultos, fazem parte do meu universo com suas confidências, seus amores - ficantes  -  ou não.  É sempre festa quando vêm a minha casa. Fazem um resgate de uma época que o tempo levou e não volta mais: minha juventude. Agora resta um pouco de saudades das canções de ninar, das brincadeiras de roda, dos banhos de cachoeira, das primeiras histórias, dos brigadeiros, da torta de limão,de sorvete, dos passeios no Fusquinha na Serra da Beleza e de outros  lugares mágicos que fizeram parte de minha vida com eles. Gabriel,Thaís,Rodolfo, Júlia, Jader,Luisa e Clara - a vocês dedico meu carinho de vó .

domingo, 24 de abril de 2011

CÂNDIDAS MÃOS

Rudes no toque.
Grossas, calejadas.
Manejando o arado,
Lançando  sementes.
Milho, feijão, arroz
e  muitos filhos.

Num movimento
que só elas sabiam.
O leite transbordava
do balde: branca espuma
de um mar que não existia.

Seu cavalo, seu chapéu,
sua capa de chuva.
Um chicote, uma garupa.
Filhos partindo.
Outros chegando.

É Natal. Sob a cama,
bordado de passarinhos,
um piano amarelo.
Mãos tão pequeninas
descobriam as notas musicais.

Lá em cima, no curral,
Papai Noel fazia jorrar
o leite através de
suas maltratadas mãos.
Os sons se misturam.
Rudeza e ternura.

Encantamento
de um momento
impresso, em cores fortes,
na tela da memória.
Suas cândidas mãos sofridas,
 talvez, quem sabe,
enrijecidas, embrutecidas,
distanciaram-se.
Não me alcançaram.
Cresci.

Selma Monteiro


Valença, 2008

CORES E SABORES

Um bailado no ar,
libélulas.
Um corpo despido,
água.
Pés no chão,
pião.
Um sabor,
goiaba.
Uma dor,
marimbondo.
Um olhar,
censura.
Um beijo,
paixão.
A roda gira,
a vida passa.
Encontros. Desencontros.
Maturidade.
A lágrima cai
 no papel.
Nasce
a poesia.
                      
                          Janeiro de 2002.

sábado, 23 de abril de 2011

E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música".
Nietszche
"Deve-se estar sempre embiragado.
De poesia ou de virtude.
À tua escolha.
Mas embriaga-te sem cessar".
Baudelaire
"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...continuarei a escrever".
Clarice Lispector
"A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos".
Proust
"Quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma".
Fernando Pessoa
·        

LEMBRANÇAS


Manhã de sol.
Cheiro de café.
Broa de fubá.
Biscoitos de nata.
Lá fora as galinhas
Cacarejam
Anunciam os ovos.
Vacas mugem no curral
Convidam pra um leite
Quentinho e espumante.

Porcos fuçam a terra
Prometem carne
Tenra e gostosa.
Desperta a gula
 Na menina
Travessa.
Olhos buliçosos
Abocanham o colorido
Da mesa de almoço.

A tarde chega
E estende sua
Tranquilidade bucólica
Sobre o verde
Da fazenda.
Tudo se aquieta.
O sol se esconde.

As estrelas começam
A pintar o céu
Os grilos se agitam.
Os sapos, aos pulos,
Entoam canções.
A lua, timidamente,
Mostra sua beleza
Fria e provocante.

A mãe de ouro,o saci,
O príncipe encantado
Povoam o universo
Onírico desta menina.  
Seus sonhos afugentam
O agora. E o amanhã
Chega carregado
De novas descobertas
Que fazem parte
De sua história de vida.
  
Selma Monteiro

Valença,2008



PABLO NERUDA

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece. -Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. -Morre len...tamente quem evita uma paixão, quem prefere o escuro ao invés do claro e os pingos nos "is" a um redemoinho de emoções, exatamente a que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração ao tropeços. -Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho. -Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos. -Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. -Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte, ou da chuva incessante. -Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar. -Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe. -Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos. -Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade.  
Pablo NerudaVer mais

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Arte de Ser Avó

Quarenta anos, quarenta e cinco. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.
Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.
Não de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse avô, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto...
No entanto! Nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do neto. Não importa que ela hipocritamente, ensine a criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha" e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais. A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.
Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser acreditado!
Fazer má-criação aos gritos e em vez de apanhar ir para os braços do avô, e lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...
Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós com seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto!
E quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz "Vó", seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.
E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade.
Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menino - involuntariamente! - bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beicinho pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.
Rachel de Queiroz

Devaneios

A gente sente o cheiro.
Acaricia sua aspereza.
Dorme com ele entre as mãos.
Às vezes, esquecido
no tempo, de repente,
desperta  uma lembrança.
E, lá, estamos juntos
vivendo suas histórias.
Tão iguais as nossas,
simples ou complexas,
Marias ou Capitus.
A emoção, às vezes,
molha nossas histórias.
Nada substitui este
envolvimento,
quase visceral.
Presente, passado e
futuro convivem,
num momento único:
a comunhão de
sonhos, devaneios
e realidades tão,
insuportavelmente,
únicas e universais.



Selma Monteiro Pereira
07/01/09