quarta-feira, 20 de abril de 2011

Devaneios

A gente sente o cheiro.
Acaricia sua aspereza.
Dorme com ele entre as mãos.
Às vezes, esquecido
no tempo, de repente,
desperta  uma lembrança.
E, lá, estamos juntos
vivendo suas histórias.
Tão iguais as nossas,
simples ou complexas,
Marias ou Capitus.
A emoção, às vezes,
molha nossas histórias.
Nada substitui este
envolvimento,
quase visceral.
Presente, passado e
futuro convivem,
num momento único:
a comunhão de
sonhos, devaneios
e realidades tão,
insuportavelmente,
únicas e universais.



Selma Monteiro Pereira
07/01/09

5 comentários:

  1. O despertar de emoções através de um livro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Rômulo,às vezes nos deixamos levar pelas provocações de Capitu,em DOM CASMURRO,ou nos entregamos as mesmices de Macabéa, em A HORA DA ESTRELA. E assim, nosso universo, através dessas vivências,vai se modificando e nos permite vislumbrar a hora da estrela no nosso dia a dia.

      Excluir
  2. Ah!!!!!!!!!!!!Quisera, hoje, estar mais próxima do real e mais distante dos sonhos. 26/12/2010

    Quem sou eu:

    No meio de muita água nasci. A fazenda chamava-se Sant`Ana. Era cercada por rios. Meu pai fazia queijos e doces pra vender na cidade. Essas lembranças foram resgatadas pelos meus pais. Não me lembro desta fase. Fomos morar em São Bento, eu , meus pais e meus três irmãos. Eu era a segunda, e lá, no meio, de jabuticabeiras, goiabeiras, bananeiras e muitas outras árvores que despertavam o nosso imaginário: bicho das folhas secas, mãe de ouro, nossos cavalos de bambu, nossas casinhas encarapitadas nas arvores, e muitos sonhos se transformavam em realidade. Disputávamos, às vezes, no muque, nossas forças. Leite fresquinho,espumando,fazia bigodes engraçados. Aprendi, com os irmãos, a andar a cavalo, a nadar, jogar amarelinha, finco, bota, cantigas de roda.
    . De repente, já não bastava Algum tempo depois retornei a Sant´Ana para aprender as primeiras letras. Aprendi O IVO VIU A UVA sem nunca ter sentido o sabor desta fruta. Mas sabia arrancar batata doce, aipim, e ficava fascinada com o dourado do arrozal,com a doçura da garapa,da rapadura, do doce de leite e muitos outros sabores que escreveram minha infância. Já adolescente, um ADMIRÁVEL MUNDO NOVO me esperava - Rio Preto. Uma pequena cidade mineira, encravada entre montanhas, cortada pelo Rio Preto.E foi lá, que conheci pessoas diferentes,das quais sentia muito medo, conheci a Maria Fumaça que me fascinava e , ao mesmo tempo me apavorava. Mas o mais importante, diante de tantas novidades, foi o cinema. Lá eu aprendi a sonhar, a amar, a sofrer, a sentir a imensidão deste mundo. E , talvez, a enfrentar os monstros que carregava comigo, do silêncio do sertão, de onde viera. Estudei, namorei, casei. Tive filhos que se transformaram em amigos e me deram muitos presentes: netos. Hoje a história continua, em outro universo, onde procuro, a cada dia, me descobrir, através destas novas histórias que se entrelaçam tecendo esta linda colcha,em que cada pedaço, traz um colorido diferente na construção desta nova etapa de minha vida
    e que, cada um, é uma continuação viva de minha história.

    Valença, 04/01/2011

    ResponderExcluir
  3. Um dia depois do outro, e a vida passa, a gente envelhece e "a vida fica cada vez mais cheia de tudo".

    ResponderExcluir
  4. Hoje, 31/10/2015, já no final da tarde, ouço uma sabiá que canta todos os dias numa espécie de chamado. O telefone mudo não pertuba a beleza do momento. Crianças, ao lado, brincam e gritam alegremente.Os passarinhos buscam seus ninhos.Realidades diversas num momento único e passageiro. Já não ouço a sabiá. Tudo vai se aquietando e agora ouço um violão que se faz presente através de meu filho".Parabéns pra você",uma versão feita por ele. Linda! E, nenhum momento se repete, tudo se transforma de uma forma muito bela e enriquecedora.

    ResponderExcluir