domingo, 24 de julho de 2011

CELEIRO DULCINÉIA

Um poema recente, premiado no Concurso Literário da Academia de Letras de Maringá:
Carlos Bruno

Evita meu celeiro, triste homem das vontades básicas,
Meus trigos não alimentam tua fome,
São grãos colhidos no solo do lirismo;
Vêm do mundo das ideias, da mente de um sonhador
Que protesta por alimentos realista
Mas só protesta, só, protesta, em vão, pois não te alimenta
Evita esse meu arroz invisível, colhido na safra da solidão,
Pois minhas composições não enchem teu estômago vazio.
Meu depósito de alimentos não perecíveis é eterno
Mas impróprio para o consumo de teus olhos famintos;
Lamento, escravo senhor, os latifúndios continuam florindo cancerígenos
No solo da ambição desmedida dos homens que pisam em tua campina sem vida,
Enquanto meu armazém só contém produções aquém dos teus anseios.
Para teus desejos cereais, trago um galpão seco de comida,
Poemas, gigantes fingidos, nada mais que meros moinhos de vento...
Procura outro reino, Sancho Pança da realidade rocinante,
Pois este meu celeiro é de um fidalgo errante castigado de ilusão...

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